Contribuição para a sociedade: Problemas reprodutivos do rebanho geram perdas significativas nas propriedades leiteiras. Nesse sentido, várias são as causas do problema em questão, sendo, frequentemente, de origem infecciosa, em especial a bacteriana. Com isso, o objetivo deste estudo foi relatar a ocorrência de Leptospira spp. em novilhas e em primíparas que apresentaram aborto no terço final da gestação em uma propriedade leiteira localizada na cidade de São João, Paraná, Brasil. Dos animais testados, cinco (5/6) apresentaram positividade para o agente infeccioso. Com isso, verifica-se que a Leptospira spp. está presente nos rebanhos bovinos e pode estar relacionada aos abortos ocorridos nas propriedades rurais. Nesse aspecto, faz-se necessário a adoção de um manejo sanitário eficiente, com vacinações periódicas e limitar o contato com outros animais ou possíveis fontes de infecção, de modo a assegurar uma melhor qualidade sanitária do rebanho e, consequentemente, diminuir as perdas reprodutivas.

Palavras-chave: Bovinocultura, Doenças Reprodutivas, Leptospirose.

Descrição do caso: A reprodução na produção leiteira é um dos pilares da atividade. Nesse sentido, boas taxas reprodutivas, asseguram uma seleção dos melhores animais e, consequentemente, ocasiona uma boa reposição do plantel. Entretanto, muitos são os problemas relacionados à cadeia leiteira, dentre eles, as doenças reprodutivas são uma das principais causas de perdas financeiras. Nesse contexto, estão diretamente relacionadas ao comprometimento da reposição de bezerras e, também, compromete a venda de animais excedentes, o que configura uma forma de renda extra por parte do produtor rural. Isso posto, verifica-se que dentre as causas que podem ocasionar perdas reprodutivas, as doenças infecciosas adquirem um caráter especial. Dentre as doenças infecciosas de maior relevância, a leptospirose, causada por bactérias do gênero Leptospira spp., é uma das mais comuns em ocorrência e em prevalência, podendo resultar em abortos. Nesse prisma, o objetivo do presente trabalho foi relatar a ocorrência de Leptospira spp. em vacas leiteiras oriundas de uma propriedade leiteira do município de São João, região Sudoeste do estado do Paraná, Brasil. Na propriedade havia um rebanho de 142 bovinos, dos quais 80 animais lactantes, de genética mestiça (jersolando, holandês e jersey), mantidas em sistema intensivo a pasto recebendo suplementação no cocho, com ordenha realizada duas vezes ao dia. O manejo reprodutivo era baseado em IATF (Inseminação a Tempo Fixo) com confirmação de gestação por meio de ultrassonografia. Na propriedade verificou-se, no período de julho e agosto de 2021, histórico de aborto em novilhas e em primíparas. Durante dois meses, seis animais apresentaram aborto no terço final da gestação, com isso, o médico veterinário responsável foi acionado, imediatamente, e realizou a colheita de sangue por meio da venopunção da veia coccígea, sendo retirados cerca de três a cinco mililitros de sangue em tubo seco. Após coagulado, o soro sanguíneo foi retirado, armazenado em microtubos e enviado ao laboratório Vale do Leite Assistência em Qualidade, localizado no município de Dois Vizinhos, Paraná. Para a análise das amostras foi utilizado método de Aglutinação Microscópica (MAT), para os sorogrupos L. Australis (Bratislava; Australis); L. Autumnalis (Autumnalis); L. Bataviae (Bataviae); L. Canicola (Canicola); L. Cynopteri (L. Cynopteri); L. Gryppothyphosa (Grippotyphosa); L. Icterohaemorragiae (Copenhageni; Icterohaemorrhagiae); L. Louisiana (Louisiana); L. Panama (Panama); L. Pomona (Pomona); L. Pyrogenes (Pyrogenes) L. Sejroe (Hardjobovis; Hardjopratino; Wolffi); L. Tarassovi (Tarassovi).

Resultados: Das seis vacas testadas por esse método, cinco apresentaram positividade para a bactéria (5/6), correspondendo a 83,3% do total. Além da identificação da ocorrência, também, foi realizada a identificação do sorovar em questão, situação em que os cincos animais positivos demonstraram serem reagentes para a espécie Leptospira interrogans, e dentre os positivos, três de cinco animais (3/5) demonstraram positividade para o sorovar L. Pomona totalizando 60%, um animal (1/5) apresentou positividade para o sorovar L. Gryppotyphosa totalizando 20% e um animal (1/5) foi positivo para o sorovar L. Canicola, representando 20% dos animais positivos. Apenas um dos animais testados não demonstrou reatividade para a presença do agente infeccioso.

Conclusão: Diante disso, pode-se perceber que a ocorrência de Leptospira spp. é frequente no ambiente rural e, comumente, pode acabar por contaminar o rebanho bovino em estágio reprodutivo, levando ao comprometimento da reprodução desses animais. Nesse sentido, verifica-se que a Leptospira spp. pode estar sim relacionada aos casos de abortos frequentes em propriedades rurais da região em questão. Isso posto, faz-se primordial a adoção de um manejo sanitário nos animais para que se evite a contaminação desses e, assim, diminua-se as perdas reprodutivas por causas infecciosas.